Grupo de apoio psicossocial a pessoas em depressão em um CAPS

Resumo

A partir dos processos grupais as pessoas podem empreender ações transformadoras de suas realidades e da sociedade. Apresenta-se aqui a experiência de um “grupo de apoio” num Centro de Atenção Psicossocial-CAPS em Mato Grosso do Sul. A atividade é conduzida semanalmente por três estagiários de psicologia, orientados pelas perspectivas teórico-metodológicas da psicologia social construcionista e histórico-crítica. Foi planejada como recurso terapêutico para atender a demanda crescente de pessoas no serviço, cuja situação existencial/de saúde é construída por elas e pelo aparato médico-sanitário como “casos de depressão”. Aconteceram, em dois anos, aproximadamente, 50 encontros (com média de 20 participantes). Inicialmente as conversações eram fortemente médico-diagnósticas, expressavam sintomas e queixas de incapacidades, dores, faltas e, também, somáticas, supervalorizavam-se os medicamentos como “cura”. Era secundário (às vezes ainda é) o reconhecimento do valor pessoal e grupal ao refletirem sobre o que contribui para as pessoas sentirem-se deprimidas. A condução dos estagiários foi tensionando o diálogo para se “ampliar o foco”, indagavam e formulavam considerações sobre possíveis nexos entre as experiências subjetivas, objetivas e alternativas de enfrentamento. A condução de grupos de apoio com enfoque psicossocial não deve se centrar somente em conversas sobre sintomas, medicações e adesão às prescrições do psiquiatra e da instituição, mas ajudar as pessoas a se compreenderem no próprio cotidiano - suas identidades, determinações socioculturais, valores, condições de vida, violências, etc. Isto é parte dos processos de mudança na direção da saúde.