Microrganismos oportunistas em pacientes com câncer submetidos à radioterapia: relação com cuidados preventivos

Resumo

As neoplasias malignas que acometem a boca podem criar condições favoráveis não apenas para a implantação, mas também proliferação de microrganismos exógenos ao ambiente bucal, que apresentam padrões de susceptibilidade a antimicrobianos diferentes dos observados entre os membros da microbiota residente anaeróbia. Assim, o presente estudo objetivou avaliar a ocorrência de membros das famílias Enterobacteriaceae e Pseudomonadaceae, além do gênero Enterococcus e Candida na boca de pacientes com câncer de cabeça e pescoço, antes do atendimento clínico especializado. Amostras de biofilme subgengival, supragengival, saliva e mucosas de 50 pacientes oncológicos foram coletadas.  Após a extração do DNA microbiano, a detecção dos microrganismos alvo foi realizada por meio de amplificação do DNA por PCR. A família Enterobacteriaceae estava presente em 46% dos pacientes, enquanto os pseudomonados estavam presentes em 28% dos pacientes, o mesmo ocorrendo com os enterococos, destacando-se P. aeruginosa e E. faecalis, respectivamente. As leveduras do gênero Candida estiveram presentes em 34% dos pacientes. Observou-se que, quando lesões ulceradas ou inflamatórias eram observáveis na boca, pelo menos um dos microrganismos alvo estava presente, embora no se possa tecer considerações sobre a etiologia da infecção secundária observada. Esses resultados sugerem que a boca de pacientes oncológicos pode se converter em um importante reservatório de patógenos de importância médica, mesmo antes de iniciado o tratamento anti-neoplásico.