Avaliação da Sensibilidade dos Retalhos Microcirúrgicos Baseados na Artéria Radial
DOI:
https://doi.org/10.21270/archi.v14i1.6534Palavras-chave:
Artéria Radial, Microcirurgia, Nervo, Estereognose, Retalhos de Tecido BiológicoResumo
Introdução: O uso de retalhos microcirúrgicos pediculados retrógrados ou retalhos livres, sem neurorrafia associada para falhas de cobertura são usados amplamente na literatura médica, contudo, queixas referentes a perda de sensibilidade na área receptora são comuns. O objetivo deste estudo é analisar a sensibilidade do retalho antebraquial baseado na artéria radial nas reconstruções do membro superior, com intuito de identificar a sua reinervação através da sensibilidade tátil. Métodos: Estudo retrospectivo-prospectivo de pacientes submetidos à microcirurgia reconstrutiva com retalhos antebraquiais baseados na artéria radial, no qual foi avaliado o retorno da sensibilidade na região do retalho. Para análise objetiva foi utilizado o estesiômetro de monofilamentos de Semmes-Weinstein. Houve padronização e controle da percepção do monofilamento a partir de um ponto na área sadia do membro contralateral ao retalho. As áreas dos retalhos foram divididas em três regiões (proximal, intermédia e distal), e cada uma foi avaliada em três pontos (medial, intermédio e lateral). A partir disso, foram classificados os resultados em: (1) sensibilidade protetora, (2) sensibilidade parcial, e (3) perda de sensibilidade. Resultados: A amostra incluiu 20 pacientes com idades entre 19 e 75 anos, com idade média de 45 anos e seguimento pós-operatório médio de 26,9 meses. Observou-se que 85% dos pacientes eram do sexo masculino, com uma alta incidência de lesões traumáticas (65%). A maioria das falhas de cobertura ocorreu na região do punho e da mão (75%). Quanto aos sintomas associados ao retalho: 68,42% dos pacientes relataram alguma queixa, com predomínio de parestesia (66,66%), hipoestesia (13,33%), Tinel (13,33%) e dor (6,66%). A análise da sensibilidade dos retalhos revelou diferenças significativas entre as regiões proximal, intermédia e distal. Região proximal: 90% dos pacientes apresentaram sensibilidade, com 35% mostrando sensibilidade protetora e 55% sensibilidade parcial (p < 0,001). Região intermédia: 95% apresentaram sensibilidade parcial e 5% perda de sensibilidade (p < 0,001). Região distal: 60% tiveram perda de sensibilidade, 30% sensibilidade parcial e 10% sensibilidade protetora (p < 0,001). Conclusão: A sensibilidade dos retalhos varia em termos quantitativos e qualitativos, com uma relação direta com a localização do retalho. A sensibilidade diminui e a vulnerabilidade a lesões aumenta nas regiões distais do retalho.
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