Distribuição de marcadores de resistência a antimicrobianos em amostras de biofilme obtidos na década de 90 e presente

Resumo

A resistência a antimicrobianos vem comprometendo o emprego desses agentes em função da disseminação dos marcadores genéticos. O presente estudo objetivou avaliar a presença desses genes de resistência no biofilme bucal obtidos na década de 1990 e na década de 2010. Para tanto, em 1998, coletou-se o biofilme de 58 indivíduos sem histórico de doenças sistêmicas e consumo de antimicrobianos nos 3 meses precedentes, o mesmo sendo realizado de 100 pacientes, de ambos os sexos. O DNA microbianos foi extraído na ocasião e mantido a -80oC. A presença de marcadores de resistência a beta-lactâmicos, macrolídeos e tetraciclinas foi avaliada por meio da amplificação do DNA alvo com auxílio da reação em cadeia da polimerase (PCR). Os dados foram submetidos ao teste de Qui-quadrado e teste de correlações de Spearman. As amostras de 1998 revelaram a presença dos marcadores AmpC (1,7%) e tetM (1,7%), relativos à resistência a beta-lactâmicos e tetraciclinas, respectivamente, ao passo que as amostras obtidas na década de 2010 evidenciaram uma gama mais diversificada de marcadores, incluindo blaTEM (2%) e AmpC (8%), para os betalactâmicos, tetO (2%) e tet M (7%), para as tetraciclinas, e ermA (3%), associado à resistência aos macrolídeos e lincosaminas. Individualmente apenas a resistência aos beta-lactâmicos e tetraciclinas mostrou-se mais elevada no biofilme mais recente, mas o conjunto da distribuição de marcadores de resistência também se apresenta mais significativo nas amostras obtidas a partir de 2010 (p=0.021). Para genes de resistência aos nitroimidazóis e fluoroquinolonas não foram detectados esses marcadores. Observou-se que o biofilme bucal entre 1998 e 2010s se tornou menos sensível aos antimicrobianos mais utilizados pelo dentista.

Descritores: Resistência Microbiana a Medicamentos; Beta-Lactamase; Resistência a Tetraciclina; Macrolídeos.