A difícil decisão por extrações dentárias como tratamento de mutilações labiais em pessoas com deficiência neurológica

Abstract

O Centro de Assistência Odontológica à Pessoa com deficiência -CAOE- assiste pacientes que necessitam de atendimento odontológico diferenciado. A conduta terapêutica é analisada multiprofissionalmente, sendo que as extrações dentárias visa restabelecer a saúde bucal e geral. Embora o centro tenha como premissa os tratamentos conservadores, algumas vezes nem sempre é possível. O objetivo deste trabalho é relatar casos de pacientes que foram atendidos pela equipe do CAOE e que apresentavam hábitos de mutilar os lábios. Paciente NVSR, feminino, 7 anos, portadora de paralisia cerebral e retardo neuropsicomotor, refluxo gástrico, asma e crises convulsivas, é assistida pelo centro desde 2013. Em 2015, apresentou grande mutilação labial. Tentou-se adaptar dedeira para higiene bucal, mas não houve melhora gerando mutilação labial e hemorragias, por possuir dentes anteriores decíduos, optou-se pela extração dentária sob antibioticoterapia. No segundo caso, JCO, masculino, 13 anos, portador de escoliose muscular, luxação dos ombros, prótese no fêmur, travamento do maxilar e epilepsia, alimentado por sonda gástrica, portador de dentição íntegra, passou a mutilar o lábio gerando hemorragias recorrentes. Por aspirar sangue, foi internado e necessitou tomar antibiótico o ano todo devido à  pneumonias recorrentes. Relevou-se importante a  confecção de elemento protético para proteger os dentes anteriores, mas devido ao risco de morte, optou-se pelas extrações totais em âmbito hospitalar. Conforme as deficiências apresentadas pelos pacientes, a gravidade das lesões causadas pela permanência de dentes íntegros e até pela dificuldade na criação de meios que proporcionariam condições opcionais para mantê-los, nos deparemos com a difícil decisão para um tratamento mais radical para evitar o agravamento de mutilações labiais.