Artrite juvenil idiopática em paciente com comprometimento das atms: um relato de caso

Abstract

Introdução: Artrite juvenil idiopática é uma doença crônica e sistêmica que abrange um grande grupo de doenças articulares inflamatórias, tendo início durante a infância e adolescência com causa desconhecida. Podem apresentar modificações no metabolismo e crescimento ósseo, geralmente afetando as articulações temporomandibulares (ATMs), levando a quadros de disfunção nas mesmas, caracterizadas por dor e/ou disfunção. Relato de caso: Apresentaremos o caso da paciente H.M.M., 26 anos de idade, feminina, leucoderma, que compareceu ao serviço da Clínica de Oclusão da UFPB com queixa de dor facial e limitação de abertura bucal. Na anamnese a paciente relatou sentir limitação de abertura bucal a mais de 2 meses, histórico de sons articulares e dor na região de ATM direita. Relatou ser portadora de Artrite Juvenil Idiopática, descoberta aos 15 anos de idade, com a qual vem convivendo, porém com grande dificuldade de encontrar adequado acompanhamento médico. Relatou histórico de uso intenso de medicação AINES Cox-2 seletivos, desencorajada pelo último médico pelo risco cardiovascular associado. Relata também sono de qualidade ruim, despertando cansada.  No exame extra-bucal, verificou-se alteração durante abertura e fechamento de boca com limitação de abertura bucal de 22 mm, que encontrava-se com deflexão para o lado direito. A palpação muscular não acusou sintomatologia. Auscultação das ATMs não mostrou sons articulares. Palpação das ATMs revelou sensibilidade lateral no lado direito. Após avaliação clínica (anamnese e exame físico) e laboratorial (tomografias das ATM e exames sorológicos), o diagnóstico sugestivo foi de Artrite Juvenil Idiopática com comprometimento da  ATM Direita e possível deslocamento do disco articular sem redução na mesma ATM. O plano de tratamento consistiu de aconselhamento sobre o problema (autocuidado), associado a Placa Oclusal, fisioterapia de compressas e alongamento e acompanhamento reumatológico, tendo em vista o quadro sistêmico da paciente. Após 6 meses, a paciente apresentou significativo aumento da abertura bucal (22mm para 33 mm), com controle moderado das dores. Considerações finais: Concluiu-se que a avaliação de pacientes com  quadros de DTM deve englobar uma visão abrangente, onde a co-existência de distúrbios sistêmicos deve ser considerada, propiciando uma avaliação e tratamento multidisciplinar e uma melhor possibilidade de restaurar a função e a qualidade de vida dos mesmos.

Descritores: Artrite Juvenil Idiopática; Articulações; Transtornos da Articulação Temporomandibular.