Biofilme bucal como habitat de microrganismos oportunistas de importância médica ou odontológica

Resumen

A relação entre a microbiota e infecções em pacientes de risco, como exemplo, os dependentes químicos, necessita ser avaliada. O presente estudo discute a participação de microrganismos oportunistas no biofilme bucal de pacientes atendidos na FOA-UNESP e/ou ligados a pesquisas, entre 1998 e 2018. Para tanto, os prontuários microbiológicos dos pacientes e voluntários organizados entre 1998 e 2018 foram submetidos a avaliação estatística para determinar a influência das condições bucais e de fatores sistêmicos sobre a presença desses patógenos no biofilme. Até 2007 a caracterização do biofilme era realizada por cultura, sendo que a partir dessa data esse procedimento pôde estar associado à detecção molecular por PCR ou real-time PCR. No total, dados completos de 649 pacientes com idade variando de 18 a 81 anos estavam disponíveis, sendo 80,6% do gênero feminino. Os resultados inseridos em planilhas de contingenciamento foram avaliados segundo as condições dentais, periodontais e de saúde geral. Quando dados imunológicos e modificadores estavam presentes, os mesmos foram considerados. Os resultados dos testes microbiológicos e as variáveis clínicas foram submetidos a análise estatística multivariada e determinação de risco. Os principais patógenos detectados foram das famílias Pseudomonadaceae (8,6%) e Enterobacteriaceae (15,6%), além dos gêneros Staphylococcus (4,8%) e Neisseria (13,7%). Os microrganismos anaeróbios obrigatórios somente foram considerados nos pacientes que desenvolveram infecções oportunistas graves. O biofilme, independentemente da condição clínica dos pacientes ou presença de modificadores sistêmicos, foi colonizado por microrganismos oportunistas, de forma que a saúde sistêmica dos pacientes deve ser avaliada na prevenção de infecções oportunistas no pós-operatório. Os bastonetes Gram-negativos são mais relevantes que os cocos Gram-positivos, principalmente para os portadores do vírus HIV, dependentes químicos, e em pacientes com inflamação gengival.

Descritores: Enterobacteriaceae; Infecções Respiratórias; Infecções Estafilocócicas; Padrões Moleculares Associados a Patógenos.